No vasto e misterioso mundo dos oceanos, uma descoberta recente inquietou biólogos marinhos e entusiastas da vida marinha: tubarões-sardo, conhecidos por sua imponência, podem ser alvo de predação por outros tubarões. Essa revelação aconteceu durante um projeto de rastreamento que, ao invés de trazer boas novas, revelou uma realidade sombria para uma espécie que já enfrenta uma batalha contra a extinção.
A equipe de pesquisadores, incluindo a ex-aluna de pós-graduação da Arizona State University, Brooke Anderson, estava imersa em suas pesquisas nas águas a sudeste de Cape Cod. Durante o monitoramento dos tubarões-sardo, lançados ao mar com etiquetas de rastreamento, um dos transmissores começou a enviar dados alarmantes. Aconteceu em outubro de 2021, quando uma fêmea grávida de 2,2 metros, que deveria estar nadando em águas frias, começou a relatar temperaturas bem mais altas do que o esperado. O que poderia estar acontecendo?
A suspeita de que a fêmea havia sido devorada por um tubarão maior foi confirmada. Os dados mostraram que, durante uma semana, os registros indicavam que a etiqueta estava a dezenas de metros abaixo da superfície, dentro do sistema digestivo de um predador. Este fenômeno trouxe à tona informações alarmantes sobre a cadeia alimentar dos oceanos e a inusitada dinâmica predatória entre espécies que, até então, eram consideradas seguras.
Os tubarões-sardo, que podem atingir até 3,7 metros de comprimento e pesar até 230 quilos, são habitantes comuns das águas do Atlântico Norte e Sul, Pacífico e Índico. Contudo, essa nova descoberta indica um sério risco à sua população. Em um estudo publicado no periódico Fronteiras na Ciência Marinha, a equipe de Anderson concluiu que somente dois predadores podem estar envolvidos nesse novo comportamento alimentar: os temidos tubarões brancos e os tubarões-anequim, ambos caçadores ágeis e poderosos.
Esses eventos de predação são particularmente preocupantes. Os tubarões-sardo já estão catalogados como ameaçados de extinção, com estimativas apontando uma redução populacional de até 90% devido à pesca excessiva e à degradação de seus habitats. Além disso, as fêmeas demoram anos para atingir a maturidade sexual e têm uma taxa de reprodução relativamente baixa, o que significa que a perda de uma fêmea grávida impacta profundamente suas chances de sobrevivência como espécie.
De acordo com Anderson, esse tipo de evento pode ter consequências devastadoras. “Com a perda de uma fêmea reprodutiva, não só a população diminui, mas todos os fetos em desenvolvimento são perdidos. Se esse tipo de predação se mostrar mais comum do que se acreditava, os impactos para os tubarões-sardo podem ser imensos”, alerta.
Embora a notícia de que uma espécie ameaçada foi predada não seja encorajadora, ela revela uma nova faceta da biologia marinha que merece atenção. Com esses novos dados em mãos, a equipe de pesquisadores pode aprofundar os estudos sobre este fenômeno e, quem sabe, desenvolver estratégias eficazes para proteger essas magníficas criaturas enquanto ainda há tempo. A luta pela preservação dos tubarões-sardo continua, e cada nova descoberta é um passo importante nessa jornada.